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Oversharenting: o que é, os riscos da superexposição infantil e como proteger seus filhos na internet

  • Foto do escritor: Letícia Sell
    Letícia Sell
  • há 12 minutos
  • 3 min de leitura

Entenda o que é oversharenting, os perigos da exposição excessiva de crianças nas redes sociais e como fazer um sharenting seguro e consciente.


Nos últimos anos, tornou-se comum ver pais e mães compartilhando momentos do cotidiano dos filhos nas redes sociais. São fotos fofas, vídeos engraçados, conquistas escolares, birras e até situações delicadas, como doenças ou dificuldades no desenvolvimento. Esse fenômeno tem nome: sharenting, a junção das palavras share (compartilhar) e parenting (parentalidade).

Mas existe uma linha tênue entre o compartilhamento saudável e o excesso — e é justamente aí que surge o conceito de oversharenting.


O que é oversharenting?

Enquanto o sharenting é o simples ato de compartilhar conteúdos sobre os filhos, o oversharenting ocorre quando há um exagero nessa exposição. Não estamos falando de uma ou outra foto publicada ocasionalmente, mas sim de um comportamento frequente e invasivo, que muitas vezes desconsidera a privacidade da criança e os impactos a longo prazo dessa presença digital precoce.

O oversharenting pode incluir:

  • Publicação constante de imagens e vídeos das crianças

  • Compartilhamento de informações íntimas ou constrangedoras

  • Exposição da rotina, localização, nome da escola, amigos e hábitos

  • Relato de situações delicadas, como dificuldades emocionais ou de saúde

E vale lembrar: tudo isso permanece na internet. Mesmo que os pais deletem os conteúdos depois, eles já podem ter sido salvos, compartilhados ou utilizados por terceiros.


Quais os perigos do oversharenting?

A superexposição de crianças nas redes sociais pode gerar uma série de consequências — algumas emocionais, outras jurídicas e até de segurança.

Veja alguns dos principais riscos:

  • Violação da privacidade e da autonomia da criança: é ela quem deveria construir sua identidade digital no tempo certo, e com consciência.

  • Uso indevido das imagens: perfis falsos, montagem de conteúdo inapropriado e até crimes como pornografia infantil podem se aproveitar dessas imagens.

  • Impactos no desenvolvimento emocional: crianças expostas constantemente podem se sentir invadidas, pressionadas ou até envergonhadas com o que é compartilhado.

  • Bullying e constrangimento futuro: conteúdos considerados "engraçados" pelos pais podem gerar humilhação quando acessados por outras pessoas no futuro.


Os pais podem ser responsabilizados?

Sim. A ideia de que os pais têm total liberdade para expor os filhos nas redes não encontra respaldo jurídico.⠀O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garante o direito à imagem, privacidade e dignidade da criança. Isso significa que pais e responsáveis podem ser responsabilizados civil e até criminalmente em casos de:

  • Exposição vexatória ou abusiva

  • Danos psicológicos decorrentes da exposição

  • Divulgação de informações sensíveis sem consentimento

  • Participação em campanhas publicitárias sem autorização adequada

Além disso, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) também se aplica à coleta e divulgação de dados de crianças e adolescentes, exigindo consentimento específico e cuidados redobrados.



Como fazer o sharenting de forma segura?

O problema não é compartilhar — é exagerar. E, principalmente, fazer isso sem refletir sobre as consequências.

Aqui vão 5 dicas para um sharenting mais consciente:

  1. Pense antes de postar: essa imagem pode causar constrangimento no futuro? Você gostaria que postassem algo parecido sobre você?

  2. Evite conteúdos íntimos: fotos sem roupa, na hora do banho, chorando ou em situações vulneráveis devem ser evitadas.

  3. Proteja dados pessoais: não publique nome completo, localização, nome da escola ou rotina diária.

  4. Use perfis privados: se quiser compartilhar com amigos próximos, opte por perfis fechados e selecione bem os seguidores.

  5. Respeite a vontade da criança: mesmo pequenas, elas têm direito à privacidade. Se já conseguem se expressar, ouça o que têm a dizer.



Vivemos em uma era de exposição constante. Mas quando se trata de crianças, a responsabilidade é ainda maior. Antes de publicar, pense: isso é realmente necessário? Estou protegendo meu filho ou expondo demais?

O sharenting pode ser afetivo, divertido e até útil. Mas o oversharenting, quando ultrapassa os limites do respeito e da proteção, pode ter consequências graves — para os filhos e também para os pais.


Se você gostou desse conteúdo, compartilhe com outros pais, responsáveis ou profissionais que lidam com crianças.E se quiser saber mais sobre proteção de dados, privacidade infantil ou os aspectos jurídicos do uso das redes sociais, continue acompanhando o blog ou me siga no Instagram @leticiaselladv.

 
 
 

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